quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Vida em sol

Como escultora dos meus dias,vou me submetendo à dores menores.
Passeando sangue,doendo vitórias.
Devoro sílabas escorregadias,troco de pele e me rasgo em torpor.Fecho um de meus olhos para não doer tanto.Ainda sim sinto o peso, mas me desvio em verdes fábulas de criança,em pares.
Plano em vida e encontro o desamor completo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

''Auf Achse

You see her, you can't touch her
You hear her, you can't hold her
You want her, you can't have her
You want to, but she won't let you
You see her, you can't touch her
You hear her, you can't hold her
You want her, you can't have her
You want to, but she won't let you

She's not so special so look what you've done, boy

Now you wish she'd never come back here again
Oh, never come back here again

You see her, you can't touch her
You hear her, you can't hold her
You want her, you can't have her
You want to, but she won't let you

She's not so special so look what you've done, boy

Now I'm nailed above you
Gushing from my side
It's with your sins that you have killed me
Thinking of your sins I die
Thinking how you'd let them touch you
How you'd never realise
That I'm ripped and hang forsaken
Knowing never will I rise
Again

You still see her
Oh, you hear her
You want her
Oh, you want to
You see her
You hear her
You want her
You still want to"

Resolvi postar essa primorosa música porque suas estrofes se encaixam muito bem no meu coração.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Meu querido joelho esquerdo

Fui ao médico hoje e descobri que tenho tendinite (inflamação de um tendão) num músculo chamado pata de ganso que é composto por três tendões. Agora tenho que: levar injeção, tomar remédio, colocar compressa quente algumas vezes ao dia, diminuir o ritmo na academia, voltar para a natação, parar na matança de monstros, ou seja, mais sofá e menos pulos de corda. Uma chatice danada! Mas já que é assim, aproveitarei o tempo para fazer meu enxoval, começarei com o bordado e com a fantástica sessão da tarde.


*Conselho: meninas, quando temos algum problema o qual nos obriga a ir ao médico de saia, não vão sem um chortinho por baixo, não é nada legal (acreditem).

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Néctar

O toque da cafeteira gritava. Demora um pouco a se levantar, o braço se estica. Só há travesseiros e saudades de um tempo que nem foi. Vai para o banheiro e sempre de lá, olha durante longos segundos a sua cama vazia, sente a solidão do arredondado espelho e não faz a barba. Desce as escadas de samba canção, camisa cinza e um nó desleixado no roupão. Escorrega levemente os óculos até a ponta do nariz pra ver se o jornal já chegou e não tem um cachorro.
Sua cerca é branca, a caneca é a de sempre e o café, igual e sem açúcar.
Começa a ler o jornal colocando mais farinha no mingau pra engrossar, nunca se preocupava com o tempero, sentia necessidade de doce, mas achava enjoativo. Senta, olha em volta e suspira. Nunca gosta do mingau...
Ele quer um amor, mas já se sente perdido. Se sente fraco por deliciar pimenta barata, exige bastante do sexo oposto, mas se sente amedrontado e se bloqueia. Namorou uma ou talvez duas, quase amou. Mas nessa manhã, de céu flutuante, de galhos no vidro, ele só pensa nela. Ela que ele não sabe quem, pouco conhece, mas sente que esperou sempre por isso. De algum jeito ela estava sempre lá, nas músicas, nos lençóis, na infância, no gosto de morango e no seu medo. Acha difícil esquecer o sentimento vazio que parece afogá-lo em desgosto de nunca ter, quando deseja, a pele quentinha por entre os braços. Insiste sempre na idéia de nunca alcançar um verdadeiro amor correspondido, as cicatrizes mal o deixam tentar e então se esvai a essência de seu próprio gosto. Um aborrecimento por todo seu ego.
Acha melhor não se expor e termina contendo seu berro sufocado.

E quando o sol de novo vem, sente-se cavando na alma o desejo de sentir um ligeiro bom dia na orelha, contudo
o tudo se cala.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

vou esperar quietinha o bafo doce da manhã que vem

o meu ontem que não foi testa o próximo sol da semana,
a gente nunca descobre mas busca sempre
e sempre me lembro...

cortarei minhas unhas e levarei noites mais tranquilas e leves para o meu pouso.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Melindrosos passos

Margarida se afogava de espelho
Maquiava-se triste na sua vazia porta de estrela.
Ela bailava as noites de um pequeno bar.
Planava em roupas compridas e extremamente brilhantes,
Panos soltos que prendiam sua fina cintura de manequim.
Fitava os olhos para o fim escuro do salão,
Não queria mostrar suas dores.
Palco pequeno que minimizava longos sonhos de menina.
Ela só queria voltar a sentir a pele do amor contido
Havia horas em que sentia perder a respiração,
Lembrava,ela...
Acariciava porcelanas penduradas,quase chorava.
Sempre perdida e vazia lá dentro.
Tosse que sangrava sua garganta,comprimidos inertes
Bem quieta ela esperava o sopro negro invadir sua carne.
Fraqueza impalpável.
Mas não sabia ela que no fim do corredor existia um par de olhos incendiados.
Ele contemplava seus movimentos,a poetizava toda noite.
O amor se refazia a cada passo da menina,
Seu bailar embebedava o singelo rapaz.
Ela rodava suavemente leve.
As notas acompanhavam perfeitamente cada movimento de seus pés.
Agradecia o público em um inocente cruzar de pernas,
Alí chegava seu fim de noite.
Ele pensava em dizer suas doces palavras,mas se perdia na figura feminina.

Atraso da apresentação da moça,
Minutos e minutos
Inquietações de desespero no fundo do palco.
Um velho acenando o fechamento do bar.
E então num turbilhão de idéias negadas, correu para a moça.
Viu seu vestido pela fresta da porta
Lá estava ela,linda e pálida num sono eterno
Lágrimas escorridas em um copo envenenado de dor,
Sonhos quebrados.
O rapaz a abraçou forte,
Lhe beijou a boca fria e se despediu também de seu coração.
Agora só sobraram folhas de papel e gaveta,
Casa vazia,cigarro e álcool
Explosões poéticas de um peito amargo
Mãos escorridas de um velho amor,patas de leão.
E em seu frágil pulmão,ele eternamente procurava o caminho de casa.

o tudo que ela sempre muito sente

O som percorre baixo pelos seus ouvidos e feito boba, ri sozinha quando se lembra e o Chico quase sempre a faz chorar.
Se batiza na sua banheira
Na ponta dos dedos, percorrem vagarosas gotas que conduzem ondas que afogam todo seu corpo em um leve frescor sensível.
Adora cantar embaixo da água, sentir na língua o gosto infame de todos seus pecados perdoados por ela no fim do dia. Mente sentimentos de forma livre e egoísta, mas nunca consegue evita-los.
E nascem amores... O coração se espreme.


Talvez ele sinta a falta dela. Uma vontade de rever a menina mesmo que o seu coração nem esteja assim tão cheio, voltar às lembranças gostosas de mastigar...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Anatriste

Ana era.
Poucos choros e intensos risos,
menininha que baila vida,que samba o coração.
Mas e o ralo?

A mantém,a adoça
Esvazia um mísero pedaço de você em sílabas.

Mas,hoje.

Hoje ela acordou sem nada,bolsos vazios.
O olhar recuado na janela esconde sua lamentação de perda.
Tudo me vai tão rápido
O barulho de folhas secas corre a calçada
Os carros correm
Corremos dos encantos
E o amor vazio de nossos pés?
Como ludibriar afeições eternas?
Fechar o livro e atender a porta
Sentir amores de noites estreitas
Tanta vida despertada por meios externos,
Golpes de cores que bailam meus sonos
Marcas vivas,coração falho e flor.
Me descobri fraca,pulsação frágil
Foi um dia qualquer,simples como um abrir de janelas
Senti morrer.
Veias lentas,a vida me pareçe tão longe
Meus velozes sentimentos me lembram ares puros,
Sei não gozar dessa marca súbita
Vou levando em tortuosos passos essa minha dor sem fim
Fazendo malabares para tranquilizar os dias
Caminhando tão bêbada mas ao mesmo tempo tão vazia,eu vou enxergando minha pele rasgada em lamentos.Longa espera de sentidos amargos.Seguro esse aperto e me vendo sorrisos à espera de um futuro bom e breve.