quarta-feira, 6 de julho de 2011

Já senti que algo de novo estava vindo

O silêncio vem como o primeiro cigarro da manhã, sem culpa ou gesto. Milhões de vícios acabam diluindo meus dedos e sexo em algo comum que vai além da alegria mais simples.
Dias e mais dias...
De tão secos meus olhos começam a suar, os poros florescem feito margaridas de tanto ardor, me devolvendo ao berço para o qual fugi.
Na minha roupa fica o cheiro de quem eu nem mais lembro tanto e a saudade do último trago.

sexta-feira, 25 de março de 2011

o sofá

depois de alguns cigarros e babaquices de internet, liga a tv e deita no sofá. dorme e baba no sofá. quando amanhece o dia, a tv ainda ligada, se estica do sono, boceja forte pra caber mais preguiça.

fica alí por um tempo tentando planejar o que não vai fazer. Não vai estudar, não vai ler a revista que chegou essa semana, não vai se perder no sono da tarde.

levanta pra comer, come, come e come. faz seus rituais, muda o canal pra algum jornal importante depois corre pro banho de uma hora pra se sentir menos culpado por isso.

tenta ler, mas o rodapé do seu quarto lhe parece tão mais interessante que isso. olha pra janela e tenta se imaginar com uma vida diferente, uma rotina sem grades.

acende um cigarro

dá uma volta pela casa

acende outro cigarro e retorna ao sofá que já virou uma forma (como aquela de bolo que esculpe toda a massa), senta deitado e apoia a cabeça oleosa no braço mamífero do aconchegante sofá.