quinta-feira, 30 de julho de 2009

pingar-me

esse nojo, esse gosto de sal. você me vem com esses dedos sujos e me implora com os olhos. ninguém viu o seu perdão e essa casca que você vestiu vai apodrecer o que em tí há de mais importante, as cicatrizes. não adianta, eu sou uma dentadura bangela, um pente sem fios, a escolha de se encaichar será nossa, não me escorra pelos dedos. algum dia eu choro de novo, em algum mundo eu vou acender devagar meu cigarro e parar pra observar. vou diluir meus sentimentos e essa dor terá um belo gosto de sangue e carne. estou sendo servida como brinde aos deuses mais patifes, minhas dores e gritos explodem, me devoram com prazer até se empanturrarem. meu coração anoiteceu para que eu possa finalmente amanhecer em mim. me deixe ser seu coma, seu sapato, um filtro, seu lar. alguma coisa aconteceu, a gente pode sentir, não fuja, não me solte agora. essa falta de ar não irá me matar e nem essa saudade.

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