sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Parir de clarões

O ano vai se diluindo nesses dois últimos minutos da minha canção preferida. Meu dedo retém dos seus lábios as ilusões, palavras e planos que depois são postos em fila no rodapé do nosso lado mais vermelho. Vinhos baratos, beijos intermináveis, peles. Nos absorvemos até a última gota. O ouvido se entorpece e nos tornamos platéia do magnífico raiar de sóis que somos a sós, mas continuo esperando no portão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

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carmem já sentia na pele o gosto dos anos. Teve goles de desejo num tanto grande de amor. Seus pés já haviam se casado com esse quintal infinito, afinal a cidade era grande e seus lábios, mel. Ela caminhava por parágrafos e parágrafos até seus ouvidos não aguentarem mais. Deixou os pais numa tarde normal de domingo e dalí partiu para dentro de sí, foi trabalhar alí mesmo, naquele café pouco refinado para descolar alguns vícios de mesa mais tarde. Um dia viu um belo rapaz chateado com o jornal debaixo do braço lamentando seus dias iguais mergulhado totalmente em talheres e porcelanas. Descobriu alí mais uma página, mais uma saudade pra cantar.