sábado, 4 de setembro de 2010

A gente não pára

O ônibus demora. O intervalo que ele leva de um bairro a outro vale mais de um cigarro, e quando ele chega, o motorista me repara com olhos de lobo e nossos olhares se esbarram sem rumo no retrovisor. De novo e de novo.
Observo a rua inundada de velhos que trabalharam a vida inteira e o que sobrou foram alguns postes acesos na saída de um bar e pouca resistência.
Penso no meu cigarro, na possibilidade de poder observar e pensar tudo num só trago.
O caminho é rápido, chego lá mais rápido ainda.
Nos meus planos, me devolvo aos meus antigos amores e os novos explicam todo esse suor. É bom morar um no outro, difícil é não ir embora descansado.
O motorista ainda me vigia e alcançar a saída vira quilômetros. Chego no meu destino tendo a certeza que vou esperar de novo sem poder fumar um ônibus que nunca chega.

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