terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ombros de algumas mulheres

Todas as mulheres procuram o amor. Isso faz com que sonhem muito, os olhares perdidos são por dentro segredos ensurdecedores, é como se inicialmente a mulher fosse predestinada à ordem, a resultados e moderações. O que as difere é o efeito, abreviar-se ou evoluir.

Sonham, desperdiçam, fingem, o tratam como necessidade, não importa a interpretação do que de fato seria o amor, acredito que tudo é uma questão de moldes. O amor excede receitas.

Depois de tanto, o amor de algumas evapora sem gravidade nem física. Fica ali escapando pelos poros a casualidade, o descobrimento e o prazer de se permitir saborear o que as noites trazem na bandeja, até que tudo vire um jogo.

Esse jogo, como qualquer outro, tem regras. Regras que não existem por opção ou maldade, elas apenas ajudam na vitória: Forçar desapego para que a ausência seja mais bem digerida nos dias posteriores. É como apostar em algo que se tem certeza, pagar por algo que já se tem, mesmo que soe impróprio, isso cifra devagar as nossas curvas. Se aventurar, cortar e arranhar para que nunca alcance nenhuma definição. E feito um acrobata o coração assume sua posição de jogador e se torna responsável pelos altos e baixos.

Difícil não é ganhar o jogo e sim descobrir-se incapaz de entender o limite entre permissão e descuidado. Com o tempo a gente acaba aprendendo a se perder e percebe que encher o peito e suspirar sem culpa nem medo alivia os calos. Ganhar o jogo é sair dele com cordas e pescoços.

Não importa o tamanho nem o peso, o sutiã marca fundo nossos os ombros, dentro e fora, todos os dias.

7 comentários:

Drica disse...

me identifiquei =D
valeu a visita
abraço

Luiz (raiz) disse...

a marina colasanti vai estar aqui em brasília pra uma leitura d alguns textos e um bate-papo. é de graça. dia 14.

um beijo.

Mar.Ly disse...

Os sutiãs deixam suas marcas sobre nossos ombros,sobre nossas vivências : D

Amei o texto,amei os outros textos hehe

Érica disse...

"Difícil não é ganhar o jogo e sim descobrir-se incapaz de entender o limite entre permissão e descuidado"

Peco por dizer que me identifico embora reconheça que é dificil saber exatamente o que você pensou quando escreveu? Ou o importante seria a interpretação?

muah

=**

Miss Lou Monde disse...

Injusto!

Apesar de eu não ter percebido (ainda), espero-com-muita-vontade-mesmo que os homens tenham algo que os marque pior do que nossos sutiãs. Ou que pelo menos marque igualmente.

Também estava com saudade dos seus escritos tão verdadeiros, do seu senso de humor e das analogias tão luvas (por encaixarem perfeitamente)!

Muitos beijos!!!

^^

Mari disse...

Esperava que sim, Rodhie, mas - não! -, os homens não têm algo como os sutiãs. Mas cabe a perspectiva de que, por calejadas, nós aprendemos a suportar as dores do parto e da partida. Eles, au contraire, se desmantelam à mínima agulhada de um coração latejante.

Ler Thais quase ameniza a saudade. Quase.

Camila Pessoa disse...

Então, não te conheço. Mas me foi recomendado esse texto. Gostei muito e até citei um trecho no meu próprio blog (http://colombinaeosbandolins.blogspot.com/2011/02/o-jogo.html), espero que não se importe. Boas palavras! Passarei por aqui vez em quando.

Abraço,

Camila.